Decorreu ontem durante a manhã de sábado, no Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, e inserido na programação da 26ª Feira do Vinho do Dão, a iniciativa intitulada Dão Património de Conhecimento e que reuniu um painel de oradores em torno da temática “As Castas do Dão”.
Este debate contou com a presença do Eng. Nuno Neves, Chefe de Divisão de Apoio à Agricultura e Pescas – DRAPC que abriu a sessão, com o Presidente da Câmara Municipal de Nelas, José Borges da Silva, a enaltecer a importância de eventos como este, e como a Feira do Vinho do Dão para a afirmação desta Região Demarcada no país
Na Mesa redonda, onde foram lançados os itens em discussão posterior, estiveram o Prof. Arlindo Cunha da CVR Dão que apresentou a perspetiva da Comissão sobre a identidade e valor das Castas na Região do Dão, dando argumentos e factos que atestam a importância deste órgão e na preservação do Património e Estudo Vitivinícola da região do Dão, corroborando algumas das opiniões dos presentes acerca do futuro e dos desafios que se avizinham para os produtores do Dão e da necessidade da existência de organismos que, em conjunto com os diferentes agentes da região assegurem, não apenas a manutenção e preservação do espólio vitivinícola ainda existente mas também que garantam que o mesmo continuará a evoluir para as gerações futuras.
Pedro Garcias, jornalista do Publico e moderador do debate definiu o tom do mesmo começando por sublinhar a importância das castas e a perda de cada uma delas, lançando ainda para a mesa o facto das tendências da moda poderem influenciar a construção de um vinho. A este tema não ficou alheio o Prof. Arlindo Cunha que acrescentou ainda que essas tendências podem mesmo influenciar as tomadas de decisão e politicas agrícolas que acabam por influenciar as regiões.
Uma das intervenções mais marcantes esteve a cargo da Eng. Vanda Pedroso do Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, DRAPC que deu a oportunidade às cerca de meia centena de presentes no auditório, de ficar a conhecer melhor as diferentes Castas existentes no Dão, a sua evolução ao longo do tempo, e de que modo podem contribuir para garantir o futuro dos vinhos e vinhas da região sem que a identidade da mesma seja afetada. Uma intervenção que permitiu perceber, também, qual a importância das diferentes castas na identidade da região e de que modo a supremacia de algumas pode afetar a visão global que o mundo pode criar em relação aos vinhos aqui produzidos e que acabou por trazer para cima da mesa um problema actual com que muitos produtores agora se vêem a braços: as alterações climáticas (sendo este mesmo ano um exemplo). Como é que estamos preparados para lidar com estas alterações climáticas? Quais são as armas que temos para o futuro? Que castas poderão ajudar? Estes foram pontos bastante acesos no debate e que recolheram unanimidade na necessidade de continuar a aposta no estudo e investigação como o que têm vindo a ser desenvolvido no Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão em Nelas.
Outro dos intervenientes neste encontro foi o Eng. Manuel Vieira, que falou acerca da sua experiência enquanto enólogo na região num período de fortes mudanças como as que se observaram nos últimos 20 anos apresentando a sua visão para o presente e o futuro da região e de que modo as diferentes castas moldaram o seu trabalho ao longo dos anos.
Deste encontro fez ainda parte uma visita à coleção Ampelográfica da Região do Dão nas Vinhas do CEV e que permitiu ao presentes terem uma visão in loco do trabalho desenvolvido pelo Centro e a sua importância não apenas para o trabalho dos produtores e enólogos da região mas também para a preservação do Património do Dão.
Para terminar o encontro os participantes tiveram a oportunidade de degustar alguns vinhos velhos da região, podendo testemunhar pelo paladar aquilo que foi discutido no debate.